Geopolítica Norte Americana. Trump/Musk e a definição da nova política externa dos EUA.
Para entender o que se passa com as declarações
de Trump sobre a integração do Canadá e da Gronelândia aos EUA, a retoma da
gestão direta do canal do Panamá, o rebatismo do Golfo do México em Golfo da
América.
Ao contrário do que alguns analistas de Platô
das estações TV main stream e muitos autores de posts no Facebook têm sugerido,
não se trata de propaganda barata nem de intenções belicosas vulgares. Trata-se,
com efeito de comunicação e nesse domínio Trump é mestre consumado. A quem é
que Trump se quer dirigir ou a quem são dirigidas as ou a mensagem? Em primeiro
lugar, com frases aparentemente pouco articuladas ele queria dirigir-se ao
eleitorado MAGA que, como se sabe não é lá muito esclarecido em tratando-se de
geopolítica mundial. A mensagem passou e foi bem acolhida.
Em segundo lugar, tendo tirado as lições da
nova configuração geopolítica mundial com a consolidação e alargamento da
associação de estados denominada BRICS, Trump virou-se para o futuro e endereçou
uma mensagem às novas superpotências ou potenciais superpotências Brasil,
Rússia, China, Índia e Indonésia a quem disse o seguinte:
1.
Nós não temos interesse em avançar
para ações militares entre nós. Mantenhamo-nos dentro das nossas zonas de
influência, respeitemo-nos e negociemos para ultrapassar os nossos diferendos,
nomeadamente no que se refere à configuração das áreas de influência futuras;
2.
A nova área de influência dos
Estados Unidos da América incluirá o Canadá e o méxico com os quais já tem um
tratado de livre comércio, o Golfo do México e a América Central até ao Panamá
e para Leste a Gronelândia e, eventualmente, o Reino Unido da Grã-Bretanha e a
república da Irlanda;
3.
Os EUA mantêm um certo interesse
na Europa, mas esta deverá assumir a sua própria defesa. Além disso, num
período de plena reconfiguração do panorama político partidário na Europa,
esperar para ver poderá ser vantajoso.
Parece que ele terá a intenção de negociar a
partição de outras zonas de influência às quais não se refere explicitamente,
mas que de certeza ele não vai querer que caiam na influência e de outras
superpotências.
Note-se que os EUA, desde a sua criação,
sempre tiveram pretensões imperialistas e toda a potência imperial tem ou cria
zonas de influência e zonas de interesse. Não nos esqueçamos de que até há
pouco tempo esteve vigente a doutrina Monroe que considerava todo o hemisfério
ocidental como zona de interesse americana e todo o continente americano, do
Alasca à Patagónia como zona de influência exclusiva dos EUA. Os anúncios de
Trump parecem indicar que ele quer reconhecer as zonas de influência das outras
superpotências. Por exemplo, na nova configuração, a zona de interesse
americana não inclui a América do Sul onde o Brasil já é uma grande potência em
formação e associado às superpotências China e Rússia no seio da BRICS.
A Norte, juntando as parcelas do Canadá e da
Gronelândia, os EUA ganham uma parcela do Ártico equivalente à que já pertence
à Rússia, quando até agora só tinham uma muito pequena parcela. O interesse
desta divisão deriva do facto de o Ártico possuir as maiores reservas não
exploradas de tudo quanto é necessário para o funcionamento de uma grande
economia manufatureira e produtivista. O acesso a esses recursos vai moldar o
século XXI e Trump alinha com a política da China que consiste em expandir ou
consolidar áreas de influência através do comércio, investimento e negociação
em vez de guerras. É claro que toda a grande potência tem de ter poderio
militar equivalente e isto satisfaz tanto ao Complexo Militar-industrial como
ao eleitorado MAGA. A assunção da gestão direta do canal do Panamá vai permitir duas coisas. 1. Controlar a pasagem dos barcos chineses carregados de mercadorias que atravessam o canal e; 2. Cortar as rotas de entrada de emigrantes ilegais que vêm do Sul, o mesmo
acontecendo com o controlo do Canaá a Norte.
Por enquanto ele não diz nada sobre a Indo-pacífico
em que jà conta com a Austrália e Nova Zelândia, mais a Corei da Sul e o Japão.
Ficará a questão de Taiwan sobre a qual os EUA têm pretensões mesmo
reconhecendo que existe uma única China e que Taiwan faz parte dela o que não
exclui que essa não possa fazer secessão o que de certeza conduziria a uma
guerra com a China e talvez Mundial.
A américa do Sul é deixada ao Brasil enquanto
a África e a Ásia do Oeste são regiões onde ainda se pode esperar uma disputa
acerba entre a China a Rússia, a Turquia e onde os EUA estão atrasados em
matéria de comércio e investimentos e onde vão perder as suas bases militares.
Recomendo a leitura e a escuta dos dois
especialistas indicados abaixo:
Joussef Hindi
Escritor, Historiador de religiões e geopolitólogo
internacional, especialista da Ásia do Oeste
Alexander Mercouris
Youtubista, geopolitólogo internacional
E
Glen Diesen, geopolitólogo, escritor e
professor da Universidade do Sul na Suécia
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